quarta-feira, 17 de abril de 2013

Crônica de um professor e sua infância musical - by Tiago Ortaet


SOMOS TÃO VOLUME MÁXIMO

Somos tão jovens, tão fãs e tão partes de sua sonoridade que seus verbos acionados nos instauram provocações. Somos jovens, hábeis e cheios de vida, mas nenhum de nós mais genial que o mito, de intensidade do tamanho infinito.
Me autorizo ser coautor de suas letras, no deleite dos seus pensamentos, dos mais delicados aos mais eloquentes, suas letras são sempre reticentes, como quem pedisse olhares e pensamentos para o que vem após o ultimo acorde da canção.
Como se constrói na mente humana a figura de um ídolo? Quais marcas uma obra artística pode causar na vida de uma pessoa? Perguntas fáceis de responder quando se trata de uma existência que se torna além do que a passagem nesse lugar pode suplantar, de um artista volume alto, mente em fronteira, olhar com alvo e premissa, pela transgressão a permanente cobiça. Cada um dos que pensam, foi seu destinatário. Eis o menino legionário!
Eu menino elétrico, cantando seus protestos em pé sobre um baú de cabeceira da cama velha, baú era palco do meu subúrbio paulistano, ouvindo um poeta mundano, cama erguida por dois blocos em casa de periferia, com uma paisagem sonora cheia de poesia da Legião que ouvia. Uma escova de cabelo era meu microfone particular, onde aos berros, entoava suas canções, suas histórias de outras gerações que não a minha, cantando suas melodias e já irrefutavelmente tendo meu coração sequestrado pela sua voraz poesia. Influenciado pelo irmão mais velho, aos 6 anos já sabia dezenas de músicas como quem decora a reza da missa, mas minha premissa era o germinal de mim, pela sonoridade de um trovador urbano.
Hoje, eu, homem da cultura, propagador da arte e itinerante da poesia que me cria, tenho a honra de ter tido a sorte de ter esse som como manjedoura do que a sociedade chama de dom; eu professor, professo suas letras como estandarte, pensamento é onde nasce a arte.
Sou um cultuador de sua acidez social, de sua poética latente e acima de tudo de seu posicionamento ativo na cultura de sua época; sua arte emerge pela eternidade, arte não morre, nunca!
Nunca esperei com tanta ansiedade para ver um filme, aliais, ansiedade tem tudo a ver com juventude!
Somos tão decibéis das melodias, dos cd’s, dos encantos e da contradição, somos todos espectadores e personagens coletivos, do pensador ativo, da legião. Somos todos de todos discos, do que encantou, do vinil, do Renato Russo desse Brasil que ele tanto denunciou.
Tiago Ortaet
tiagoortaet@yahoo.com.br
Abril/2013

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